Compositora de mais de 700 músicas, Dona Eliza é uma sambista que revela na face e na alma toda a ancestralidade de matriz africana. Referência para a nova geração de sambistas da capital mineira, ela recebeu homenagem pelos 70 anos de vida neste domingo (29/07), no Quintal do Almanaque, na Região da Pampulha, cartão-postal da cidade.
Uma roda foi formada com o melhor do samba de raiz para celebrar uma das mais importantes integrantes da velha guarda do samba de Belo Horizonte. Mestre Conga, Lagoinha, Ronaldo Coisa Nossa, Cabral, Marina Gomes, Cinara Ribeiro, Giselle Couto, Dé Lucas, Silvia Gomes, entre tantos outros, estiveram presentes para homenagear Dona Eliza.
Uma das poucas representantes femininas em um universo dominado pelo olhar do homem, Dona Eliza vê, aos poucos, seu sonho de viver do palco e das luzes se realizar. Além de intérprete, é uma exímia compositora. Em 2017, lançou o primeiro CD Diploma da Vida, que reúne 12 faixas com composições próprias, que marcaram seus 50 anos de carreira.
Natural de Águas Formosas, município do Vale do Mucuri, Dona Eliza vive há anos em Belo Horizonte. Empregada doméstica aposentada, filha de pai lavrador e mãe professora, já passou por muitas dificuldades, fitando a discriminação e o preconceito da sociedade. Começou a cantar aos 10 anos nas festinhas de colégio e aos 15 já estava dividindo espaço com os homens nos bares da vida. Na juventude, chegou a morar no Rio de Janeiro, antes de buscar uma carreira artística em Belo Horizonte, na década de 1970.
“Chegando aqui, me instalei, de cara, na marquise do edifício onde ficava a Mesbla (Rua Curitiba, quase esquina com Avenida Afonso Pena). Foi meu primeiro hotel”, brinca.
Em 21 de abril de 2018, foi condecorada pelo Governo de Minas Gerais com a Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (MG), por sua importante contribuição com o samba mineiro.
Almanaque do Samba
A roda de samba é o evento que abriu o Quintal do Almanaque, projeto do Almanaque do Samba - A Casa do Samba de Minas Gerais, um portal recém lançado em Belo Horizonte e traz, além da programação de eventos ligados ao gênero musical na cidade, perfis de mais de 100 sambistas mineiros, casas de samba, reportagens, entre outros. O projeto também conta com um programa aos sábados, às 21h, na Rádio Inconfidência AM 880, em que só tocam sambas de compositores mineiros.