A exemplo de outras capitais brasileiras, como Rio e São Paulo, as escolas de samba de Belo Horizonte criaram neste mês a Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais (LIEMG). Denominada "A Liga", a entidade passará representar as oito agremiações que desfilaram neste ano na avenida Afonso Pena. Para presidir a entidade, que deve ser lançada oficialmente até o fim de agosto, o nome escolhido foi do ex-assessor especial da Diretoria de Eventos da Belotur e presidente do bloco-afro Afoxé Bandarerê, Márcio Eustáquio.
Nesta sexta-feira (12), ele postou nas redes sociais o comunicado de desligamento da autarquia municipal. Márcio, que também é figura expressiva do candomblé, ficou três anos na Belotur, órgão responsável pela organização e gerenciamento do Carnaval do município.
“Final de mais um ciclo. A vida é feita de coisas assim. Estive durante 3 carnavais colaborando com o município na assessoria da Belotur. Foram dias de luta, onde todos os dias fui lembrado da minha origem e do povo que lá eu representava. Que bom que foi assim! Isso não me fez esquecer de onde vim e para onde quero ir, mais ainda, como gostaria de caminhar”, afirmou.
De acordo com ele, A Liga “nasce forte” e com o objetivo de “valorizar e profissionalizar o Carnaval de passarela”. “Foi muito bom receber o convite das oitos escolas. Como apoio do poder público, vamos gerir nosso próprio concurso e buscar novos parceiros para agregarem sua marca ao Carnaval de passarela”, avisa.
Além de Márcio Eustáquio, a diretoria da Liga é composta por Valéria Silva (vice-presidente), Luana Gabriela (Secretária) e Antônio Carlos Maciel (tesoureiro).
Integram a Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais (LIEMG) as seguintes agremiações: Grêmio Recreativo Escola de Samba Raio de Sol, Associação Recreativa Unidos Guaranis, Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente Bem-te-vi, Grêmio Recreativo Escola de Samba Cidade Jardim, Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova, Grêmio Recreativo Escola de Samba Canto da Alvorada, Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperavi de Ouro e Grêmio Recreativo Escola de Samba Estrela do Vale.
“Está todo mundo apostando as fichas no Márcio, acreditando em uma boa gestão. Estamos enxergando como uma forma de ter uma representatividade. Agora, vamos nos preocupar em fazer o Carnaval”, disse Genildo Cajá, presidente da Raio de Sol, que desfilou pela primeira vez neste ano. Segundo ele, já foi aprovado o estatuto e a ata de fundação. “Falta só o tramite de cartório, até o fim do mês tudo estará resolvido”, completa.
O diretor da Escola de Samba Cidade Jardim e presidente da Associação dos Blocos Afro de Minas Gerais-ABAFRO-MG, Agnaldo Müller, também reforça que Márcio Eustáquio foi o nome de consenso entre as escolas.
“Nosso otimismo pela gestão do Márcio na Liga se dá pelo trabalho desempenhado por ele no Carnaval de passarela nos últimos anos na cidade de Belo Horizonte. Trabalho esse que trouxe mais qualidade de trabalho e dignidade a todas as Escolas de Samba. A soma desses dois fatores nós faz crer que a Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais, é sem sombra de dúvidas, o fato novo mais importante do Carnaval de 2020”, garante.
Para o enredista, carnavalesco e pesquisador Felipe Diniz Marinho, a decisão “acertada” das escolas de samba em criar uma entidade para gestão do Carnaval vai ajudar no crescimento das agremiações e do espetáculo. “Até pouco tempo atrás a gente via escola com 200 componentes, dois carros alegóricos. Hoje, temos escolas com 500, 600 componentes, quatro a cinco carros. Então, vem um crescimento muito bom aí”, avalia.
A Liga, no momento, não vai representar os blocos caricatos. Porém, a tendência é que no futuro isso seja possível. A afirmação é do presidente da Acadêmicos Vila Estrela, Alvimar Nery. “Estamos com uma proposta da Belotur para ver se muda o formato do desfile no primeiro dia. Se a Belotur acatar a tendência é a gente migrar para a liga”, afirma.
“Vejo como muito positivo o Márcio na frente da Liga, porque já demonstrou que é uma pessoa séria. Neste ano, ele criou uma estrutura ímpar na história recente do Carnaval”, completou.