Mineiro de Leopoldina (MG), Osvaldo Alves Pereira (Noca da Portela) foi para o Rio de Janeiro ainda criança. Começou a compor aos 15 anos de idade para a Escola de Samba Unidos do Catete, vencedora do carnaval com o samba-enredo O grito do Ipiranga, sua primeira nota dez. Permaneceu na Ala dos Compositores desta escola por mais três anos.
O pai, o professor de violão Ernesto Domingos de Araújo, não o incentivou a seguir a carreira artística, preocupado com o futuro financeiro do filho. Morou em São Cristóvão, onde conheceu a sua futura esposa, Conceição, musa de suas músicas românticas, como ele próprio faz questão de ressaltar. Ex-militante do PCB, ex-feirante, também produtor musical da gravadora RCA Victor. Estudou violão e teoria musical na Ordem dos Músicos do Rio de Janeiro.
Em 1958, atuou, como cantor e compositor, no Trio Tropical, com o qual viajou por Minas Gerais, Pernambuco e Bahia. Nesta época, participou da fundação da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, do Bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Para esta escola, compôs diversos sambas-enredo vencedores em seus concursos, dentre eles Apoteose da Academia Militar das Agulhas Negras, Os imortais da MPB, gravado por ele mesmo na RCA Victor; Rio, carnaval e batucada e Vida e obra de Cecília Meirelles", gravado por Jamelão pela Continental.
Em 1966, formou um trio com os parceiros Colombo e Picolino da Portela. Neste mesmo ano, Paulinho da Viola convidou Noca para ingressar na Ala dos Compositores da Portela. Ao chegar à ala, Noca conheceu Colombo e Picolino. O último havia sido presidente desta mesma ala por dois anos. O Trio ABC da Portela se apresentou em shows e festivais por todo o país.
No mesmo ano, o trio inscreveu duas composições no "II Concurso de Música de Carnaval", organizado por Ricardo Cravo Albin, na época presidente do Conselho Superior de Música Popular Brasileira do MIS (Museu da Imagem e do Som). No concurso, o trio inscreveu Portela querida, defendida por Elza Soares, que a gravou com sucesso na Odeon, e É bom assim, interpretada pelo cantor Gasolina. O trio não chegou a gravar nenhum disco. Contudo, seus componentes, em parcerias com outros compositores, foram contemplados com vários sambas vencedores em carnavais na Portela, como Os olhos da noite, de Noca da Portela, Colombo, Darcy Maravilha e J. Rocha, que, em 1998, ganhou o Estandarte de Ouro.
Em 1980, Noca gravou seu primeiro LP solo, Canto de um povo. De lá para cá, foram mais sete CDs, sendo, o último, em 2017, Homenagens. Em 2004, apresentou um programa de samba na Rádio Viva Rio, no Rio de Janeiro, logo depois extinto. Seu filho, Noquinha da Caprichosos, segue os passos do pai como compositor de sucesso. No ano de 2006, a convite da então governadora Rosinha Mateus Garotinho, assumiu a Secretaria da Cultura do Estado.
(Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - diariodampb.com.br)