BAR DO CACÁ PEDE AJUDA

BAR DO CACÁ PEDE AJUDA Samba Top/Reprodução

Tradicional espaço do samba corre o risco de fechar se não pagar dívidas

 Não é novidade que boa parte dos (as) donos (as) de bar e casas de show passa por um momento dramático com a restrição de público em razão da pandemia do coronavírus. O distanciamento social imposto pelo poder público, como forma de reduzir ou evitar o contágio, afeta toda a cadeia produtiva da economia da cultura. 

O Bar do Cacá é um exemplo desse desarranjo social. Atolada em dívidas, a casa corre o risco de fechar as portas, caso não consiga pagar as contas, que somam quase R$ 50 mil reais. Para reverter essa situação, em parceria com a Casa das Poesias, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo cuja a primeira meta é arrecadar R$ 15 mil para ajudar nas despesas do bar.

O tradiciional espaço do samba de Belo Horizonte funciona desde 1987 no mesmo endereço da Vila Andiroba, bairro São Paulo, região Nordeste da cidade. A casa também é uma fortaleza das tradições de matriz africana, promove várias festas populares com distribuição gratuita de comida e é mantida com muito axé pelos filhos de Dona Bené, a saudosa matriarca da família, Hoje, quem está à frente do bar é Antônio Carlos dos Santos, o querido Cacá.

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"A pandemia fechou meu bar. Distanciamento social é algo impensável quando falamos do Bar do Cacá. Os domingos de samba ao som da banda Simplicidade são o oposto do que é preconizado pela Organização Mundial da Saúde. São centenas de pessoas cantando, dançando e festejando. Nos últimos meses acumulei R$48.807,38 (quarenta e oito mil, oitocentos e sete reais e trinta e oito centavos) em dívidas. Incluindo água e luz, fornecedores de bebidas e comerciantes locais. O Bar era (e é) minha única renda, não sou aposentado, não imaginaria nunca ver meu comércio de portas fechadas por tanto tempo. Há dias em que chego a imaginar que é simplesmente um pesadelo, que os meninos da banda vão chegar pra ensaiar às quartas e aos domingos às 17h a casa vai estar aberta e repleta de gente bonita, alegre e disposta a celebrar a vida. Mas, a realidade é outra. Um galpão vazio, os instrumentos empoeirados, o silêncio ensurdecedor, uma melancolia sem fim.

Meu sonho é ter condição de receber com qualidade a todos que chegarem até aqui. Acho que herdei o coração de minha, Dona Bené, benzedeira que largava o que estava fazendo para benzer quem batesse à porta (aliás, cultuamos religião vinda da África). Sou assim, quero abrir a Casa, o Samba do Cacá e receber todos que chegarem até nós. Mas, receber com qualidade, tendo espaço e conforto para todos. Mesmo quando a prefeitura flexibilizou a abertura dos bares e restaurantes eu não tive coragem de abrir, pois não acho justo deixar as pessoas do lado de fora (pensando em número reduzido e distanciamento). E sei que, se eu abrir, todos virão e isso vai gerar aglomeração e eu não posso ser irresponsável. Tenho 66 anos, minha irmã, que trabalha comigo no bar, tem 72. Tenho um irmão com Alzheimer e sou eu que cuido dele. Então, tenho esperado que tudo se normalize para voltar a abrir meu bar. Mas isso só será possível com a ajuda de todos vocês!

A minha prioridade é pagar os comerciantes locais como armazéns e distribuidora de bebidas, pois sei da importância do valor que eles têm empenhado comigo para a manutenção de seus próprios negócios. Se conseguirmos ultrapassar a meta inicial, vamos seguir com o pagamento das dívidas com os fornecedores de médio porte, também pensando na sustentabilidade do negócio desses nossos parceiros. E, por fim, voltar à mesa para negociar com Cemig e Copasa, que atualmente estão irredutíveis quanto às propostas que fiz dentro do que é possível. E, por acreditar que podemos ir muito além da meta inicial proposta, ao finalizar o pagamento das dívidas, queremos trabalhar na revitalização do Negócio, desde a parte física, ao marketing e relação com a comunidade. Queremos trazer mais vida às paredes, mais conforto aos clientes, mais visibilidade para o negócio e mais benefícios para a comunidade.

O recurso a ser aportado pelo financiamento ao qual estamos nos submetendo será, inicialmente, um suspiro pessoal, sem dúvida, pois sabemos da nossa responsabilidade para com os que nos fiaram todo esse tempo. Ao ter a oportunidade de divulgar o negócio e ampliar nossa net, podemos promover ações locais para fomentar a arte, o esporte e o bem estar da comunidade. Abrir o Bar do Cacá para aulas, assim como a Casa das Poesias abriu a portas para mim, que hoje estou fazendo aulas de canto, com o patrocínio da Casa das Poesias que é um Coletivo de Artistas que veio se instalar na Vila Andiroba em Setembro de 2020. Queremos também ser um ponto de referência para transmissão de saberes ancestrais, honrado assim a memória de nossa mãe." (Cacá dos Santos)

Visto 2712 vezes Última modificação em Domingo, 25 Julho 2021 00:36
Redação

A equipe Almanaque é composta por: Jornalistas, compositores e pesquisadores do Samba de Minas Gerais

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