BIRA FAVELA

Mai 23 2018 /

03/09/1950 – Belo Horizonte

 

“Eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo sim, senhor…”. A música é do carioca Zé Kéti (1921-1999), mas bem que podia ser o cartão de visitas de Ubirajara dos Santos Custódio, conhecido nas rodas como Bira Favela. Nascido no Morro do Papagaio, no alto do Bairro São Pedro, zona Sul de Belo Horizonte, já aos 7 anos Bira dava os primeiros passos rumo à carreira de intérprete. Foi um dos cantores mirins do quadro Gurilândia, na Rádio Inconfidência, nas décadas de 1950 e 1960. Com os irmãos, participou ativamente do bloco Os Invasores do Santo Antônio, fundou o grupo Favela, antes de seguir carreira solo.

Em 2006, lançou o primeiro CD, "Uma vida pelo samba", em que interpreta músicas de vários compositores mineiros, como Toninho Geraes, Fabinho do Terreiro, Gervásio Horta, Zé do Monte, Irmãos Saraiva e Geraldinho Alvarenga. Pena que sua mãe, Iraci Cândida dos Santos, não estivesse viva para ouvir o primeiro registro em disco do filho. Se do morro cunhou o sobrenome, da mãe Bira herdou o gosto pela música. Depois de trabalhar como lavadeira, nas casas de família da redondeza, ela retornava para o barraco erguido na Rua João Nepomuceno, 157, para fazer a janta e cantar em volta dos rebentos.

“É uma família com uma musicalidade incrível. Precisam de um apoio para resgatar essa história e talvez formar um grupo para mostrar essa força”, opinou a atriz Mamélia Dornelles, ao se referir também aos talentos do cavaquinista Ubiratan e do percussionista Ivo, irmãos do Bira, com os quais trabalhou, seja em peças de teatro ou no barracão do bloco Os Invasores, ao lado do marido Jota Dângelo.

Da família de músicos, Bira foi o que mais se destacou, chegando a fazer um certo sucesso, no período em que se apresentava na Rádio Inconfidência, no Gurilândia, apresentado pelo radialista Aldair Pinto, um dos maiores animadores de auditório do país, que morreu em 2001, aos 79 anos.

Na época, Bira era chamado de “Pelé do Samba”, e por onde passava, no morro ou no asfalto, era aclamado pelos ouvintes. “Não dava altura no microfone. Então, tinha que subir em um banquinho para cantar. Na hora de os músicos fazerem o solo, descia para dançar, sapatear, tirava o chapéu…”, lembra. Na rádio, Bira Favela teve contato com o maestro e professor Elias Salomé, que mantinha na Galeria Ouvidor, na região central da cidade, uma escola de música. Não cobrava nada do pequeno sambista pelos ensinamentos e ainda o convidou para fazer parte do Bando dos Cariúnas, uma espécie de orquestra mirim.

O grupo se apresentava nos auditórios da Inconfidência e da TV Itacolomi, além de participar das quermesses para angariar recursos para a construção e reformas de igrejas. “Fiquei na rádio até os 11 anos. Depois, formei um grupo com amigos para tocar em festas e aniversários”, completa o sambista.

Considerado um dos maiores intérpretes de Cartola, Bira da Favela também é marcado pela organização do evento "Tributo a Cartola”, em homenagem ao poeta da Mangueira. Junto à Cooperativa dos Sambistas Profissionais de Belo Horizonte (Coopersamba), Bira Favela realizou a última homenagem mineira a Dona Zica (1914-2003), mulher do mangueirense, quando realizou um show na capital em homenagem ao sambista da verde-e-rosa, acompanhado do grupo Sarau Brasileiro.

Com trechos de reportagem do jornalista Zu Moreira para o Diário da Tarde - 14/05/2017

Assista abaixo à entrevista de Bira Favela para a TV Ketal Santa Luzia:


 

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Contato: (31) 98504-4952 /3637-2488

 

 

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