José Eustáquio da Silva, carinhosamente apelidado de Mandruvá, é o exemplo do menino pobre que, com esforço e talento, trilhou o caminho do sucesso. De ajudante de caminhão (chapa) virou expoente do samba mineiro.
Intérprete e compositor de sambas de enredo, multi-instrumentista, membro fundador da Associação da Velha Guarda da Faculdade do Samba, de Belo Horizonte, Mandruvá é reconhecido como integrante da Velha Guarda do samba mineiro. Músico autodidata, ele coleciona participações em diversos eventos, como no Festival Prato da Casa, em Divinópolis (2016 e 2017); Festival de Inverno da UFMG (Conservatório da UFMG, 2016); Virada Cultural da Prefeitura de Belo Horizonte (2013); Dia Nacional do Samba (2006); 3º Festival de Arte Negra 2006 (FAN); e na abertura do show da cantora Alcione e do grupo Fundo de Quintal (2005), além de vários outros.
Filho de Lourdes Pereira da Silva e Vicente Ferreira da Silva, primogênito de mais 14 irmãos. Nascido em 16 de fevereiro de 1955. Estamos falando de José Eustáquio da Silva conhecido como Mandruvá. Voz forte e coração doce, gentil e muito alegre. Impossível falar em Carnaval de Belô e não mencionar este nome. Cantor, compositor, sambista e percussionista.
Mandruvá, de origem humilde e batalhadora, nasceu em Timóteo. Os pais mudaram para Belo Horizonte quando ele tinha apenas 17 dias. Morou no Perrela, ali na avenida do Contorno no bairro Santa Efigênia até aos sete anos, porém devido à uma forte enchente do Rio Arrudas, foram obrigados a mudarem para o bairro Nova Vista com subsidio da Prefeitura.
Aos sete anos começou a trabalhar de camelô para ajudar na renda familiar. Vendeu caramelo, limão, amendoim torrado, laranja, mexirica e picolé e tudo que era possível para uma criança, entre sete e 15 anos, oferecer aos transeuntes do centro de BH.
Aos 16 anos como lavador de carros, um cliente periódico ofereceu um passeio ao rio de janeiro sem custo nenhum. E lá foi o menino Eustáquio. Ao chegar na praia de Copacabana o suposto amigo disse para que José o aguardasse e que logo voltaria. Nunca mais voltou, e o adolescente Eustáquio ficou sem comunicar com a família por três anos. Mas ele imediatamente começou a se virar e voltou a rotina de vendedor ambulante.
Andou e vendeu picolé e sorvete na praia e foi parar na Urca onde conheceu a extinta TV Tupi e conheceu a Turma dos Trapalhões. Presenciou a chegada do Zacarias e tantos outros artistas daquela época. Participou do programa do Chacrinha e se acomodava próximo a charanga fazendo uma participação de segundo close da câmera.
Após as gravações era só alegria, o destino era sempre para a roda d`água, casa de samba em baixo da linha do bondinho Pão de Açúcar, onde sentiu verdadeiramente pela primeira vez o samba pulsar dentro do peito. Não sabia cantar, mas o som do tambor, pandeiro e cavaco preenchiam todos os poros do seu corpo.
Finalmente veio a oportunidade de rever os familiares, e durante a estadia na capital das alterosas aconteceu o inevitável. O cupido flechou o seu coração. Dona Júlia entrou em sua vida e permanece até hoje. Philippe e Tatiana são aqueles que darão continuidade desta descendência.
Atuante como diretor do Conselho Fiscal no Sindicato dos Músicos Profissionais de Minas Gerais, e fundador da Velha Guarda primária do samba, Mandruvá fundou só dentro de BH oito grupos de samba. O primeiro que participou foi o Partideiro do Ganzê, e o pandeiro foi o seu instrumento neste grupo. Ritmistas do Samba, Fina Flor do Samba, Nossa Raiz, Descontrasamba, Samba em Grande Estilo e Os Pretões.
E no Carnaval? Mandruvá tem uma história bonita e importante no carnaval Belo Horizontino. Compositor de vários sambas enredo. No Carnaval de Belô em 2010 cinco sambas enredo na avenida foram de sua autoria. Campeão em blocos caricatos e escolas, como o bloco Aflitos do Anchieta, Nossa Raiz e campeão em várias escolas de samba, além de participações como Unidos dos Guaranis, Canto do Alvorada, Monte Castelo, Cidade Jardim, Imperavi de Ouros, Roda Mariana é atual e Inconfidência Mineira a primeira escola, em 1988.
Na criação de jingles participa em todos os anos eleitorais no país, shows em várias casas de Belo Horizonte, bateria show com mulatas nos melhores buffets da cidade.
A origem humilde do Mandruvá não foi esquecida. Atua também na área social. Fundou a ONG Tambor Uai, Tudo pelo social e tem planos para ampliar este trabalho visando o crescimento cultural e social dentro do município na intenção de tirar adolescentes das áreas de risco.
O Arraial dos Malheiros acontece há 25 anos, uma festa que já somam a participação de mais de 25 mil pessoas. A velha guarda do samba carrega o nome Mandruvá. Muito prazer em conhecer o sambista e compositor Mandruvá. (TEXTO LIDO DURANTE A CERIMÔNIA QUE CONCEDEU A MANDRUVÁ O TÍTULO DE CIDADÃO HONORÁRIO DE BELO HORIZONTE - 2020)
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